Me pediram um ensaio sobre Curitiba, para o Curitiba de Graça, acho que queriam algo positivo, para lembrar às pessoas de tudo que está lá fora esperando a crise do novo coronavírus passar, mas como não tenho fotos novas da cidade, fora as de um trampo que acho que vou postar aqui também, resolvi fazer um ensaio com o que tenho de Curitiba nesse momento sem sair de casa, ou seja, a luz que entra pela janela e a vista que tenho a partir dela. Momentos de abstrair, contemplar e não deixar esquecer o que está acontecendo no mundo.
Estou em casa desde o dia 23 de março e saindo basicamente para ir ao mercado. Acho que ninguém quer ver fotos de supermercados, embora uma das fotos mais cara$ da história seja de um, vai entender... acho que até o limitado campo de visão que tenho daqui de casa pode ser mais interessante. Enquanto os dias passam, entre ver as notícias, afazeres domésticos, uma live ou brincar com o gato, também olho pela janela. Tenho a sorte de poder ver o Sol no final da tarde, a hora mais bonita, essa é uma sorte incomparável se for pensar em quem tem um vizinho músico empolgado que acha que todos querem ouvir sua música.
Em tardes nem tão quentes e nem tão frias dentro de casa, na companhia de um livro, escuto de perto o movimento de uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Na Visconde o silêncio, no início do confinamento, era cortado apenas pelos escapamentos das motocicletas, mas essa paz durou pouco, com o relaxamento do isolamento social o trânsito logo voltou.
Enquanto puder, estarei por aqui olhando só pela janela, e depois de fechar as persianas, olhando para dentro.
